Gaucher e Covid 19- A História de Cristina

Olá, pessoal!

Recentemente, minha querida amiga Cristina passou por momentos bem difíceis por conta da Covid 19... graças a Deus, aos cuidados médicos, e a tantas orações de pessoas que a querem bem, ela literalmente "sobreviveu para contar história"!

Por isso, gentilmente, ela compartilha conosco o seu relato de experiência, que, felizmente, acabou bem, com a Cristina viva e em casa: 


"Eu comecei a passar mal em meados de outubro. Eu tinha uma dor insuportável nas costas. Eu achava que era coluna, porque eu tenho desgaste... mas, foi indo. Comecei a sentir muito cansaço...eu me cansava de um jeito... que eu pensava que não era normal sentir tanto cansaço...

Em novembro foi a última vez que eu fui fazer infusão no hemocentro, e eu falei para as enfermeiras sobre o cansaço. Quando eu me consultei com a médica eu reclamei de dor nas costas, que estava insuportável, mas, como os ortopedistas não estavam atendendo, não havia muito o que fazer.

Aí, em novembro eu comecei a passar muito mal... mas achava que era queda de pressão. E fui levando...até que um dia que eu quase desmaiei na rua, e a guarda municipal me socorreu e me levou para o Pronto-Socorro.

A médica que me atendeu no Pronto-Socorro pediu um teste de covid. Ela deve ter visto que a minha oxigenação estava baixa, mas não me falou nada. Aí, fizeram o exame de urina e raio-x do pulmão, e ela me deu um remédio para tratar uma bactéria na urina, no rim. Ela me passou um antibiótico forte, e me mandou para casa, para esperar o teste da covid, que demorava 10 dias para ficar pronto. Só que eu fui piorando, cada vez mais. Comecei a ter febre, que não baixava.

Fui piorando...até não conseguir mais nem levantar da cama. Tudo que eu ia fazer, eu voltava a deitar... e eu achava que era queda de pressão. Até o dia em que minha filha chamou o Samu, que me levou ao Pronto-Socorro. Lá, a única coisa que eu me lembro é da médica da emergência falando que ia cuidar de mim. Aí eu apaguei, não vi mais nada.

Isso aconteceu próximo do Natal de 2020. Minha filha voltou para casa, e a médica ligou para ela às 2 da manhã avisando que iam me intubar e me levar para Bragança Paulista, no setor de covid. Foi um desespero para minha filha não poder ficar comigo, não poder me ver... enquanto estive intubada os médicos só diziam para ela que eu estava estável...

Até que no dia 31 de dezembro a médica me acordou. Isso eu me lembro! Ela perguntou como é que eu estava...e eu perguntei que dia era, e onde que eu estava... ela me disse o dia, e que eu estava em Bragança, e que iam me desintubar. E eu só queria saber dos meus filhos, só... Ela me desintubou e eu fiquei mais uma semana na UTI.

Na UTI eu dormia, e acordava, dormia e acordava...até que o médico me falou que o meu pulmão estava com mais de 70% tomado. Tive uma bactéria enquanto eu estava na UTI. Eles conseguiram tratar essa bactéria do pulmão retirando todo o líquido que estava lá...se você visse o tanto de líquido que saiu do meu pulmão...igual a um sangue sujo...eles tiravam tudo pela sonda. Isso eu via!

Eu estava consciente, graças a Deus. Mas tive alucinações, por causa da droga que põe na intubação... foi uma coisa terrível. Só quem passa por isso para saber...sua mente fica completamente perturbada, de tanta droga que eles colocam na intubação.

Quando eu saí da UTI e fui para a enfermaria, eu estava toda mole...parecia uma borracha. Não tinha musculatura nenhuma...eu não conseguia parar em pé, eu não conseguia me sentar sozinha, não conseguia pegar nada com as mãos...

Quando você vai para a enfermaria eles deixam você levar o celular, mas eu chorava, porque não conseguia nem segurar o celular...como que eu ia embora para casa se eu não conseguia nem segurar uma colher?

Em menos de uma semana eu me recuperei...eu voltei a andar, porque tem fisioterapeuta na enfermaria, e recuperei minha coordenação motora. Quando eu consegui ir ao banheiro e tomar banho sem o oxigênio, a médica me deu alta para eu me recuperar em casa. Mas, mesmo assim, eu ainda estava bem debilitada...

É triste a covid. Hoje eu sigo com a três dedos da mão esquerda totalmente amortecidos, eu sinto dores no pé, coisa que eu não tinha, no braço esquerdo...eu tô com bastante sequelas.

Todo mundo fala que foi um milagre de Deus eu estar viva. Do jeito que eu fiquei, só Deus mesmo. Mas, graças a Ele estou bem, estou com meus filhos, eu até saio um pouco de casa... Mas não vou mais de ônibus, vou de Uber, e só saio quando eu preciso sair mesmo, porque tenho medo de pegar covid de novo. Estou tentando o máximo possível ficar quieta dentro de casa, estou indo no hemocentro para tomar minha enzima, e só.

Eu sou sobrevivente da covid...quase fui, mas tô aqui. O que me manteve viva foi que eu nunca tive problema cardíaco e nem pulmonar... caso contrário eu não estaria aqui para contar essa história. Graças a Deus sobrevivi.

Eu agradeço por tudo, espero que minha história sirva para abrir os olhos das pessoas que não se cuidam, e para ajudar outras pessoas em seu blog."



Obrigada por compartilhar sua história, Cristina querida!


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