Taí uma boa pergunta: por que alguém deveria se interessar
pela minha história de adoecimento? Por que devo me preocupar em escrever sobre
isso?

Já dei algumas pistas sobre as possíveis respostas a estas perguntas
no post anterior. Só para relembrarmos: é importante contarmos nossas histórias
para que possamos ajudar outras pessoas que estão passando pelas mesmas
situações, criando empatia e redes de contatos. No caso de uma doença rara, em
que as informações podem ser difíceis de serem acessadas e compreendidas num
primeiro momento, o compartilhamento das histórias, e o contato com outros
adoecidos, é fundamental.
Além disso, as histórias ajudam a ‘humanizar’ os
adoecimentos, chamando a atenção dos pesquisadores, médicos e demais profissionais
de saúde para as demandas reveladas pelos narradores, e para a realidade da
vivência deste adoecimento no cotidiano. As histórias podem revelar, a todos os
interessados, como se dá o acesso aos serviços de saúde e aos tratamentos
disponíveis, e como o adoecimento impacta os demais aspectos da vida, como a
alimentação, o sono, os exercícios físicos, as relações entre o adoecimento e o
trabalho, a escola, a família, os relacionamentos afetivos, enfim...estas
coisas que só a experiência é que pode ajudar a descobrir.
Aos poucos, ainda que estas justificativas para que as
histórias de adoecimento sejam contadas pareçam ‘teóricas’ demais, é só mesmo
na prática, no ato de se ‘contar histórias’ que a sua importância se revela:
quando, por meio de nossas histórias conhecemos pessoas que podem se beneficiar
de nossa experiência já vivida com o adoecimento, e sentimos que podemos
ajuda-las.
Quem já passou por isso, sabe do que eu estou falando:
quando compartilhamos nossas histórias com alguém, e sentimos que foi por conta
destas histórias que a empatia, e uma conexão entre nós se estabeleceu, é que
sentimos, de verdade, que essa ação tão simples pode fazer tanta diferença na
vida de quem conta, e de quem escuta estas histórias.
Uma conversa, iniciada por conta da sua história de
adoecimento, pode, literalmente, mudar os rumos da história de outra pessoa,
tornando-a, no mínimo, mais suave. É como se, ao compartilharmos nossas
histórias, nosso próprio fardo, o de ser alguém adoecido, pudesse ficar mais
leve ao encontrarmos alguém com quem nos identificamos e com quem podemos
conversar. É bonito.

De todo modo, vale, ainda, a pergunta: porque alguém deveria
se preocupar com a minha história? Ora...o seu trabalho como contador de
histórias deve ser justamente o de explicar os motivos pelos quais alguém
deveria se interessar por ela. Por isso, ao contar a sua história de
adoecimento a alguém, pense: como devo proceder para estabelecer uma conexão
entre a minha história e as histórias das outras pessoas que poderiam se
beneficiar dela?
É a partir daí que, então, você deve começar a colocar suas
ideias no papel (ou no vídeo, ou no áudio...). Como fazer isso? É assunto para
os próximos posts.
Vamos falar mais sobre isso? Deixe seus comentários logo abaixo.
Imagens: Google Imagens
Imagens: Google Imagens
Comentários
Postar um comentário